Hoje Luciano Martins embarca para Portugal, onde irá expor pela segunda vez no país. Convidado pela Activ Trades, o artista irá expor no Museu da Misericórdia do Porto (MMIPO), na cidade de Porto, a exposição “Luciano Martins 200 anos depois”, uma referência à comemoração dos 200 anos de independência do Brasil.
A coleção terá algumas reproduções de obras que remetem ao Brasil, como “O Jogador“, ” O Torcedor“, “Nossa Sra. Aparecida“, “Lampião e Maria Bonita“, “Sentimentos no Rio“, “Floripa dos Meus Olhos“, entre outras.
E lá se vão 200 anos…
Depois que o meu tataravô Joaquim Pereira Martins sal de Póvoa de Varzim, na região de Porto, em Portugal, rumo ao Brasil, a família cresceu bastante e seus descendentes se multiplicaram. Desde então, muitas coisas aconteceram, a começar pelo grito de independência de Dom Pedro I, às margens do rio Ipiranga. Nessa época, o Brasil já apresentava arte do mais alto nível: Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Alejadinho, importante nome do barroco, já havia deixado trabalhos exuberantes por muitas igrejas no interior de Mina Gerais.
Desta linda relação com Portugal, e do legado da língua portuguesa, e 1839 nascia um dos maiores escritores brasileiros, Joaquim Maria Machado de Assis! Considerado o introdutor do realismo no Brasil, sua obra foi de fundamental importância para as escolas literárias brasileiras do século XIX e XX. Depois dele, muitos outros trataram de escrever nossa história nesta língua tão rica! Lima Barreto, Drummond, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Guimarães Rosa, entre muitos outros.
Enquanto a literatura flertava com a poesia, surgiram inúmeros movimentos culturais que iam forjando nossa identidade verde e amarela. E isso, foi o que a Semana de Arte Moderna, em 1922, estava propondo- quebrar paradigmas na sociedade e criar uma linguagem nova para o cenário cultural do nosso país. Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Oswaldo de Andrade, Mario de Andrade, Monteiro Lobato, Clarice Lispector entre outros tantos talentos, romperam com a estética da arte acadêmica, especialmente do parnasianismo.
Nestes 200 anos de história, a trilha sonora foi ampliando a voz do nosso povo. Do samba de Pixinguinha, Noel Rosa e Cartola, passamos pela Bossa Nova de Tom Jobim, Vinícius e João Gilberto, e chegamos a Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa que, em 1968, com aquela música colorida que misturava rock e a poesia concretista a elementos tradicionais, ficou conhecida como “tropicalismo”! Eles realmente defendiam a “brasilidade”, bebiam na fonte do movimento antropofágico promovido pelos artistas modernistas.
E é neste Calidoscópio de influências culturais, que eu trago de volta para Portugal, aqui no Museu e Igreja da Santa Casa de Misericórdia do Porto, a minha arte. Nunca tive a certeza se todas as tintas da minha paleta alcançariam tais diversidades do nosso povo. Uma grande mistura de tudo isso que já vivemos, com um olhar apaixonado de quem ama a nossa história.
Luciano Martins
Abertura: 18 de maio de 2022 às 20h
Endereço: Rua das Flores, 15, 4050-265 Porto- Portugal